O desafio do ecodesign

Se é daquelas pessoas que repara em todos os pormenores dos produtos que compra, como a descrição detalhada do aroma do café que acabou de colocar no carrinho de supermercado ou o olho cintilante que só o peixe mais fresco consegue ter, de certeza que nota de imediato quando há uma nova embalagem do sumo que acompanha a sua torrada de pequeno-almoço.

O que provavelmente não sabe é que a mudança de embalagem, seja ela de material, peso, espessura, cor, ou design, pode ser melhor para o ambiente.

Uma simples mudança em qualquer um dos elementos que fazem parte da embalagem pode representar uma redução significativa nos materiais usados para a sua produção. Menos materiais significa menos necessidade de consumo de recursos naturais e, ao mesmo tempo, pode significar ainda embalagens mais leves. Quanto mais leves forem, e desde que continuem a desempenhar a sua função, menos emissões de carbono vão estar associadas ao seu transporte. E isto é válido tanto para embalagens principais como para embalagens secundárias. No final, ganha o planeta.

O que são embalagens secundárias?

Para além das embalagens dos produtos que usamos no dia a dia, há embalagens que só os retalhistas (e alguns consumidores mais atentos...) veem. São as chamadas embalagens secundárias, isto é, caixas de transporte que acondicionam o produto até à loja e que, muitas vezes, permitem a sua exposição. Estas embalagens também são redesenhadas, de modo a que exijam menos materiais e se possa otimizar o transporte e o espaço disponível em loja.

Do plástico para o papel
(e não só)

Para tornar o ecodesign uma realidade, é necessário um esforço combinado de designers e engenheiros, que têm de olhar para uma embalagem e tentar encontrar oportunidades de melhoria, mantendo sempre intacta a qualidade e a segurança do produto.

Vejamos o exemplo de melhorias num pacote de sumo.

Exemplo de pacote de sumo no processo de Ecodesign.

Perceba as várias formas que o ecodesign de embalagens pode adotar com alguns exemplos práticos dos produtos de Marca Própria das empresas do Grupo Jerónimo Martins:

  1. Substituir materiais

Do plástico para o cartão, do vidro para o plástico, ou até mesmo mantendo o material, mas removendo componentes ou substituindo-o por outro com certificação de sustentabilidade. A substituição de materiais é uma das formas de tornar uma embalagem mais sustentável. Veja os exemplos.

Pacotes de sumo Pingo Doce.
  • Sumo

As embalagens de sumos da marca Pingo Doce eram de plástico, mas passaram a ser feitas com cartão próprio para alimentos líquidos. Este cartão é certificado pelo FSC® (Forest Stewardship Council®), o que significa que é proveniente de florestas geridas de forma responsável.

O FSC® é uma organização sem fins lucrativos, de âmbito internacional, dedicada à promoção de uma gestão florestal responsável.

  • Eliminação do plástico difícil de reciclar

Na Polónia, a Biedronka eliminou o PVC das embalagens de 44 artigos de Marca Própria através da substituição deste plástico difícil de reciclar por outros materiais mais adequados. Esta alteração permite evitar a colocação no mercado de mais de 170 toneladas/ano de PVC.

Garrafa de azeite Pingo Doce.
  • Azeite, cafés e misturas solúveis

Com a alteração da embalagem primária de vidro para PET, um plástico reciclável, foi possível reduzir o peso das embalagens e, assim, diminuir o número de viagens dos camiões, o que permite diminuir as emissões de CO2.

No caso do azeite, essa redução é de cerca de 44 toneladas de CO2 por ano. Além disso, evita-se o desperdício anual de 1.500 kg de azeite, devido à quebra das embalagens de vidro durante o transporte.

No caso dos cafés e misturas solúveis, a redução do peso da embalagem em 90% permite evitar a emissão de cinco toneladas de CO2 por ano.

Porquê substituir vidro por plástico, quando estão a ser tomadas medidas para evitar o plástico?

O processo de ecodesign contempla muitas variáveis. Por vezes uma embalagem de plástico pode ser melhor do que uma de vidro, pois a redução de peso leva à diminuição das emissões de CO2 – que têm efeitos negativos no ambiente. É importante também ter em conta o tipo de plástico a utilizar, para minimizar o impacto da embalagem.

Garrafas de detergente das marcas Ultra Pro e Kraft, feitas com lixo marinho.
  • Já conhece as embalagens de detergente feitas de lixo marinho?

O Pingo Doce e a Biedronka vendem detergente para a loiça numa garrafa 100% reciclada e 100% reciclável. 89% desta embalagem é feita de plástico reciclado pós-consumo e os restantes 11% são de plásticos recolhidos em meio marinho – lixo que estava a poluir rios e oceanos.

Sabia que…

Até 2030, todas as embalagens de plástico produzidas dentro da União Europeia deverão ser reutilizáveis ou recicláveis? O Grupo Jerónimo Martins assumiu o compromisso de antecipar em cinco anos a meta definida na Estratégia Europeia para os Plásticos. Por isso, até 2025, todas as embalagens de Marca Própria da Ara, Biedronka, Hebe, Pingo Doce e Recheio deverão ser 100% recicláveis ou reutilizáveis.

  1. Alterar tamanhos e formatos

Reduzir o tamanho das embalagens, por pouco que seja, leva à poupança de materiais, logo, a um menor impacto na saúde do planeta. Mas por vezes a alteração do formato pode também fazer a diferença – seja porque o corte dos moldes permite um menor desperdício no processo de fabrico das embalagens, seja porque as embalagens “encaixam” melhor umas nas outras e reduzem o volume, permitindo utilizar menor quantidade de materiais na embalagem secundária e o número de viagens necessárias ao seu transporte.

Garrafa de água Serranía, da Ara.
  • Garrafa de água

A garrafa da água de Marca Própria comercializada na Ara foi alterada, reduzindo o peso do plástico (PET) da preforma em 12%, o que se traduz numa poupança anual de 7,5 toneladas de plástico.

  • Sacos de congelação

A redução do tamanho da embalagem de cartão dos sacos do Pingo Doce permitiu reduzir anualmente o consumo de cartão em mais de 6.500 kg, bem como a emissão de mais de 1,5 toneladas de CO2.

 

  • Embalagens de gel de banho

Fazendo uma alteração ao formato da embalagem do gel de banho Pingo Doce, sem mexer no volume, foi possível reduzir a embalagem secundária de transporte. Esta “pequena” alteração resulta numa grande poupança anual: cerca de 1.300 kg de cartão.

 

  • Detergente em pó

O saco de detergente em pó vendido nas lojas Ara, na Colômbia, foi alterado, reduzindo-se a quantidade de plástico utilizado em 11%, o que se traduz numa poupança anual superior a 500 kg.

  1. Repensar o produto

E o que está dentro da embalagem? Vale a pena espreitar também lá para dentro e avaliar apresentações alternativas do produto que possam reduzir o seu volume – logo, poupar nos materiais necessários à sua embalagem. Ao optar por apresentações do produto mais concentradas, não é só o espaço nos seus armários que está a poupar, é também o ambiente. Veja este exemplo:

 

  • Lixívia em pastilhas

A marca Ultra Pro do Pingo Doce lançou lixívia em pastilhas. Devido à elevada concentração do produto, e em comparação com a utilização convencional de lixívia em garrafa, esta nova apresentação permite a poupança de mais de 97% de plástico por litro de lixívia.

Graças ao investimento no projeto de ecodesign, desde 2011 que foi possível reduzir cerca de 27,5 mil toneladas de materiais em embalagens de produtos das Marcas Próprias do Grupo Jerónimo Martins, bem como evitar a emissão de mais de 4.500 toneladas de gases com efeito de estufa associadas ao transporte.

Embalagem a embalagem, produto a produto, é possível fazer a diferença.


Dados atualizados a 20 de abril de 2021