Espécies de peixe ameaçadas: O perigo da pesca não sustentável

Neste momento, existem mais de 28.000 espécies ameaçadas a nível global, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Quase 8.000 são animais e mais de metade são peixes, moluscos, crustáceos e outros animais aquáticos.

Estas espécies veem a sua sobrevivência ameaçada por atividades humanas, como a pesca não sustentável – seja esta ilegal, não reportada ou fruto de sobrepesca. Enfrentam também problemas de poluição e destruição de habitats, que estão relacionados com métodos de pesca destrutivos. Consegue imaginar um mundo sem estes animais e plantas?

Espécies ameaçadas de pescado

Selecionámos cinco espécies ameaçadas e regularmente consumidas, classificadas como “Vulneráveis”, “Em Perigo” e “Criticamente em Perigo” pela IUCN.
  • Salmão do Atlântico (Salmo salar)

Apesar de não ser atualmente uma espécie ameaçada em todo o mundo, já esteve classificada como “Criticamente em Perigo”. As alternativas de aquacultura tiveram um papel na sua conservação. Sempre que possível, opte por Salmão do Atlântico cultivado, Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss) de criação ou Truta do Ártico de cativeiro. Estas duas últimas espécies são parecidas com o salmão.

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Salmão do Atlântico

  • Bacalhau do Atlântico (Gadus morhua)

Classificada como “Vulnerável”, esta espécie e o Bacalhau do Báltico precisam de ajuda. As populações estão em níveis reduzidos, pelo que no momento de optar, escolha Bacalhau da Islândia ou do Atlântico Nordeste.

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Bacalhau do Atlântico

  • Atum (Thunnus orientalis, Thunnus thynus e Thunnus maccoyii)

Estas espécies de atum estão classificadas como “Vulnerável”, “Em Perigo” ou “Criticamente em Perigo”. Uma melhor opção será o Atum-do-Atlântico, ou Thunnus atlanticus, que já esteve ameaçado, mas que deixou de estar devido aos esforços internacionais de conservação. Outras alternativas não ameaçadas incluem o atum-bonito (Katsuwonus pelamis) e o Atum Albacora (Thunnus albacares).

atum

Atum

  • Esturjão (Acipenser sp.)

É do esturjão que vêm as ovas a que chamamos caviar. Infelizmente, quase todas as subespécies estão classificadas como “Criticamente em Perigo”. Opte por alternativas produzidas em aquacultura, como o Esturjão da Sibéria (Acipenser baerii) ou outras opções não ameaçadas como o Esturjão Branco (Acipenser transmontanus) e Esturjão do Golfo (Acipenser oxyrinchus).

esturjão

Esturjão

  • Enguia-Europeia (Anguilla anguilla)

A enguia-europeia, muito apreciada na cultura europeia, chegou a um estado crítico, pois não se reproduz em cativeiro e é muito consumida. Mesmo em cativeiro, o processo inclui capturar ovos ou pescado jovem de populações selvagens. Troque pela Enguia de Mármore, uma espécie classificada como “Não Preocupante”.

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Enguia-Europeia

O que significa quando foram ultrapassadas as quotas de algum peixe?

A maioria das populações de peixes comerciais está sujeita a limites de captura. Estes limites garantem que é deixado peixe suficiente no mar para que a sua reprodução seja contínua, assim como a de outras espécies, ameaçadas ou não, que se alimentam destes peixes.

Quando se ouve que “acabaram as quotas”, não significa que se atingiu o estatuto de espécie ameaçada. Quer dizer que o limite de pesca foi atingido e deve ser respeitado pela indústria pesqueira para permitir a regeneração da espécie ao seu ritmo, e garantir a existência de pescado no futuro.

Podemos consumir de forma mais sustentável

Há um conjunto de escolhas individuais a fazer que nos ajudam a certificarmo-nos de que não estamos a aumentar a pressão sobre o ecossistema marinho. Estas são as recomendações do World Wide Fund for Nature (WWF):

  • Menos é mais. Compre apenas o que vai consumir. Está a contribuir para reduzir o desperdício alimentar de peixe.
  • Evite peixes em crescimento. Um peixe com um comprimento inferior a um determinado valor significa que ainda não é adulto. Ou seja, ainda não teve tempo para se reproduzir na sua totalidade. Certifique-se de que escolhe peixe adulto.
  • Experimente novos sabores. Diversificar o consumo de pescado ajuda a equilibrar e a reduzir a pressão sobre os ecossistemas. A biodiversidade torna os ecossistemas mais fortes. Alterar hábitos de consumo pode ajudar os oceanos.
  • Escolha pescado certificado. Sempre que esteja disponível no mercado, compre pescado com certificação de sustentabilidade, uma vez que assegura que estão a ser seguidas diretrizes que protegem e promovem as espécies e os seus habitats.

Fishing for Sustainability

Desde 2015, o Grupo Jerónimo Martins tem monitorizado as espécies de pescado à venda nos seus supermercados, nas Marcas Próprias e perecíveis à luz da “lista vermelha” da IUCN.

Como resultado, as vendas da Enguia Europeia (Anguilla anguilla), a única espécie “Criticamente Ameaçada” identificada, mesmo produzida em aquacultura, foram banidas em todas as suas localizações. O Grupo optou não só por pescado sustentável, principalmente nas espécies vulneráveis ou ameaçadas, mas também por alternativas de aquacultura.