Refeições caseiras que combatem o desperdício alimentar

O cheiro que paira no ar deixa de ser surpreendente quando passamos a saber que aqui se cozinham mais de 8.000.000 quilos (sim, 8 mil toneladas) de refeições caseiras por ano.

Bacalhau em preparação na cozinha central do Pingo Doce

As 180 pessoas que trabalham nesta cozinha produzem comida caseira – daquela que nos traz saudades – utilizando apenas ingredientes frescos, sem corantes nem conservantes.

Toda a operação funciona como um relógio de ponta: laranjas, couves ou curgetes, daquelas que eram deixadas a apodrecer nos campos por serem menos «bonitas», são agora cortadas em cubos ou fatias e transformadas em práticas soluções de salada, sopa ou fruta.

É sobretudo no combate ao desperdício alimentar que a Cozinha Central tem feito a diferença: produtos frescos como fruta e legumes são comprados diretamente aos produtores da região, aproveitando os produtos que não cumpririam os padrões de apresentação da União Europeia e que, portanto, nunca seriam vendidos ao retalho, tornando-se desperdício instantâneo para os agricultores.

Este sistema não só garante a máxima frescura dos alimentos, como também ajuda os agricultores a tirar proveito de uma parte da produção que, de outra forma, iria diretamente para o lixo.

Além de tudo isto, cerca de €30.000,00 em refeições prontas são doados diretamente às instituições de solidariedade da região da Grande Lisboa, apoiando as comunidades próximas da cozinha de Odivelas.

 

Cozinha do futuro

A cozinha central de Odivelas está equipada com tecnologia de ponta (prepare-se para a lista com os nomes pomposos): sistemas automatizados e de limpeza das águas residuais com injeção de enzimas (que reduzem o consumo de água em 20%), sensores de movimento e iluminação LED, sistemas de produção de vapor em circuito fechado ou de recuperação de calor.

Até as embalagens das matérias-primas utilizadas para a confeção dos pratos foram substituídas. Quando trocadas as pequenas embalagens de azeite por depósitos de tonelada, pouparam-se qualquer coisa como 12 toneladas de resíduos de plástico por ano.

Dá vontade de ter uma cozinha do tamanho de um campo de futebol, não acha?