Entender os prazos de validade para reduzir o desperdício

Sabia que, no Reino Unido, 20% do desperdício alimentar em casa dos consumidores está associado à confusão sobre os prazos de validade dos alimentos? Ou que a explicação para 10% das 88 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados na Europa todos os anos está ligada aos prazos de validade?

Muitas pessoas pensam que “se os alimentos passaram o prazo de validade, então já não podem consumidos e têm de ir para o lixo”. A verdade é que não tem de ser sempre assim, e a dificuldade para interpretar rótulos alimentares, incluindo prazos de validade, pode ser ultrapassada.

“Consumir até” vs. “Consumir de preferência antes de”

Sempre que se indica o prazo de validade de um alimento uma de duas expressões é usada: “consumir até” ou “consumir de preferência antes de”, seguidas de uma data específica. Por vezes esta última expressão aparece com uma outra formulação, “consumir de preferência antes do fim de”, seguida de um mês e de um ano.

A diferença na linguagem é subtil, mas na prática é muito relevante.

Sempre que é indicada uma data num prazo de validade, o prazo em questão refere-se ao final do dia (ou mês) indicado.

  • Consumir até:

A expressão “consumir até” está relacionada com a segurança do produto e surge em alimentos embalados perecíveis. Ou seja, indica a data-limite para que esse produto possa ser consumido sem representar um risco para a saúde. Neste caso, não é aconselhado consumir alimentos após a data indicada, pois o produtor não consegue garantir a segurança alimentar para além desta data.

Exemplos de alimentos com a indicação de prazo de validade são a carne e o peixe embalados, laticínios ou sopas.

Ilustração de salmão e de esparguete, com texto descritivo da diferença entre consumir até e consumir de preferência antes de.

Diferença entre “Consumir até” e “Consumir de preferência antes de” - inspirado numa campanha da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição

  • Consumir de preferência antes de:

A expressão “consumir de preferência antes de” é muito menos rígida do que anterior e prende-se com a qualidade do produto — não com a segurança. Findo o prazo de validade, a qualidade do alimento pode não se manter integralmente, mas isso não representa um risco para a saúde. Neste caso, é seguro consumir alimentos depois do prazo “preferencial”, desde que estejam conservados de forma correta (esta informação consta normalmente na própria embalagem) e dentro de um período de tempo aceitável.

Exemplos são as especiarias (podem perder sabor), bolachas (podem ficar mais moles ou mais duras) ou massas (podem perder consistência).

Importante distinguir…

Os prazos de validade com as designações neste artigo aplicam-se ao produto ainda por abrir ou na embalagem original. Há certos produtos alimentares que perdem qualidade e/ou segurança mais rapidamente depois de abertos. Nestes casos, costuma estar indicado na embalagem algo como “depois de aberto, conservar no frigorífico e consumir em XX dias”.

Impor um prazo de validade ao desperdício alimentar

É compreensível que quando um consumidor se depara com um produto prestes a atingir o prazo de validade, opte por escolher uma embalagem com um prazo mais distante no tempo.

Então, o que é que acontece aos produtos com prazos de validade próximos que ficam nas prateleiras do supermercado?

Colaboradora de supermercado a segurar um pack de iogurtes líquidos marcado com uma etiqueta de cor distintiva, indicativa de prazo de validade próximo.

Uma das medidas do Grupo Jerónimo Martins para combater o desperdício alimentar é promover estes produtos alimentares. Nos supermercados, esses produtos encontram-se marcados com uma etiqueta bem visível e são vendidos com um desconto.

Parte dos alimentos perto do fim do prazo são doados a instituições particulares de solidariedade social.