Qual é a sua pegada ecológica?

Tudo o que faz tem um peso na natureza.

Imagine o seu dia a dia, a sua rotina: o que come, o que veste, os hábitos de higiene, como vai para o trabalho ou para a escola, como viaja nas férias… Faz ideia do tamanho da sua pegada ecológica? Da quantidade de recursos que estão a ser consumidos? De quantos planetas precisamos para manter o consumo nos níveis atuais?

Uma pequena pegada para o Homem, uma grande ajuda para a Terra

Chama-se pegada ecológica à relação entre as atividades humanas e o consumo de recursos naturais do nosso planeta. Ou seja, a pegada ecológica mede o impacto que cada um de nós tem no ambiente e diz-nos quantos planetas seriam precisos se todos os habitantes da Terra tivessem o mesmo comportamento.

O conceito surgiu nos anos 90, mas foi ganhando cada vez mais popularidade e hoje em dia é amplamente usado para medir o impacto global que o Homem tem no ecossistema terrestre, revelando ainda como é que a economia mundial depende dos recursos naturais.

Naturalmente, uma pegada ecológica pequena é o ideal. Isto significa que quanto menos planetas precisarmos, melhor – porque, na verdade, só temos mesmo este.

Não confundir com pegada de carbono

A pegada de carbono refere-se à quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) produzidas por atividades humanas. Isto significa que a pegada de carbono "faz parte" da pegada ecológica.

O que influencia a pegada ecológica?

A pegada ecológica é influenciada por tudo o que fazemos: desde a quantidade de água que se usa em casa, à torneira que fica a pingar na cozinha, ao café que bebe a caminho do trabalho, aos eletrodomésticos com maior ou menor eficiência energética, à comida mais ou menos processada, ao uso do automóvel… Na verdade, está tudo ligado.

Sabia que preferir produtos alimentares com origem em fornecedores locais ajuda a diminuir a sua pegada ecológica? Por uma razão bem simples: se os frescos que consome forem locais, será necessário menos combustível para os transportar. E havendo distâncias menores a serem percorridas, também se reduzem as necessidades de refrigeração de certos alimentos, diminuindo assim a quantidade de energia gasta neste tipo de operação.

Ups! Tenho uma pegada ecológica de gigante… e agora?

Se a sua pegada ecológica é superior ao que devia ser (um planeta ou menos), a única coisa a fazer é reduzi-la. E isto começa com uma mudança de hábitos. Para reduzir a sua pegada ecológica, experimente:

Ilustração de pessoas cuidando de planeta.
  • Poupar água, eletricidade e gás – conheça os principais culpados pelo desperdício de água em casa;
  • Usar mais transportes públicos e menos vezes o carro. Se lhe for impossível abdicar do carro, experimente partilhá-lo com colegas de trabalho, por exemplo;
  • Caminhar, fazer jogging ou ir de bicicleta para o trabalho;
  • Fazer pelo menos uma refeição completamente vegetariana por semana;
  • Dizer adeus de vez aos plásticos descartáveis. Prefira um termo ou uma chávena reutilizável para o café da pausa matinal, ou sacos de tecido ou reutilizáveis para ir às compras;
  • Não desperdiçar comida. Conheça 9 dicas para evitar o desperdício alimentar;
  • Comprar local, seja comida, roupa ou outros bens;
  • Reciclar e reutilizar sempre que possível;
  • Preferir energias renováveis.

Pegada ecológica: de quantas Terras é que a humanidade precisa?

A pegada ecológica global, com base em dados de 2022, corresponde a cerca de 1,75 planetas. Isto significa que o mundo precisa de quase duas Terras para manter o atual estilo de vida. A pegada ecológica média dos portugueses mostra que, se todos os 8 mil milhões de habitantes do planeta vivessem como em Portugal, seriam precisos 2,5 planetas!

A pegada ecológica varia de país para país e os dados de 2022 mostram que os países desenvolvidos usam tendencialmente mais recursos do que países em desenvolvimento.

O Dia da Sobrecarga acontece todos os anos…

O conceito de pegada ecológica anda de mãos dadas com outro conceito mais recente: o Dia da Sobrecarga da Terra ou, em inglês, Earth Overshoot Day. Não se trata de um dia para celebrar, mas antes um dia a evitar…

O dia D

O Dia da Sobrecarga da Terra assinala a data na qual o consumo de recursos naturais excede a capacidade de o planeta os regenerar nesse mesmo ano. Ou seja, o dia em que a Terra esgota os seus recursos disponíveis para todo o ano. Quanto mais cedo, pior.

Complicado? Nós simplificamos. Pense em recursos como se fossem dinheiro: um salário tem de durar pelo menos um mês inteiro. Se for gasto em metade do mês, a restante metade estará “a vermelho” – a crédito. O mesmo acontece com o Dia da Sobrecarga da Terra: se usarmos em poucos meses todos os recursos que o planeta consegue dar-nos durante um ano, o restante período estará, igualmente, “a vermelho”.

Apesar de cada país ter a sua própria data para o Dia da Sobrecarga, e que varia consoante hábitos, tradições e a aposta de cada nação em energias renováveis, todos os anos existe uma data que é comum para todos – em 2023, este dia será a 2 de agosto. Isso significa que, nessa data, a humanidade terá esgotado a área produtiva disponível do planeta para regenerar os recursos naturais e absorver resíduos, cinco dias mais tarde do que em 2022.

De acordo com a Global Footprint Network, a organização responsável por calcular o Dia da Sobrecarga da Terra, a humanidade utiliza mais de 75% do que aquilo que os ecossistemas do planeta têm capacidade para regenerar.

Se todas as pessoas que vivem na Terra vivessem de forma igual a um português, em 2023 os recursos do tinham acabado a 7 de maio. Para além de Portugal, o Grupo Jerónimo Martins está presente também na Polónia, onde os recursos teriam acabado a 2 de maio, e na Colômbia, onde se prevê que acabem no dia 8 de novembro.

O país que mais recursos utiliza é o Qatar (10 de fevereiro) e o que menos gasta é a Jamaica (20 de dezembro).