“Batata-doce à vista!”

Não há alimento nos livros de história que tenha sido tão desprezado como a batata-doce.

De seu nome científico Ipomoea batatas, a batata-doce é nativa das regiões tropicais das Américas e foi cultivadas pelos povos incas, maias e astecas. Desde há muito que era usada pelos povos locais não só como alimento mas também como decoração – a flor da batata-doce é muito bonita. E depois de se ter expandido pelo continente americano, foram os navegadores portugueses do século XVI que levaram a batata-doce à Europa, África e ao resto do mundo.

A batata-doce chegou à Europa pela mão de navegadores portugueses do século XVI.

Apesar de partilhar o nome com a batata comum, na verdade não pertence sequer à mesma família. A batata normal é um tubérculo enquanto a batata-doce é uma raiz, o que faz dela uma espécie de filha bastarda.

Foi apenas no reinado de D. João V, mais precisamente em 1715, que a batata-doce entrou oficialmente para o livro de receitas oficiais da Corte (o receituário real), com uma sobremesa simples de açúcar, amêndoa e batata-doce em puré. Antes disso, e durante quase dois séculos, era apenas vista como comida de animais e de escravos e, para mal dos seus pecados, não sonhava sequer chegar às mesas dos mais pobres.

Hoje podemos dizer que a batata-doce conquistou o seu espaço na cozinha ocidental. Longe vão os tempos em que as sobremesas do século XVIII eram o seu único lugar. Usada em pratos salgados, sopas, acompanhamentos e até pães, é indispensável numa mesa saudável e saborosa.

Batata-doce: deliciosa e nutritiva

A batata-doce foi elevada ao estatuto de rainha por muitas e boas razões. Por um lado, é deliciosa: tem um sabor adocicado e uma textura cremosa; por outro, é extremamente nutritiva, sendo rica em vitamina A e betacarotenos – essenciais à visão, sistema imunitário, dentes e ossos –, e pobre em hidratos de carbono, gorduras e calorias. É ainda fonte de antioxidantes, potássio, magnésio e cálcio.

Batata-doce: uma rainha na cozinha

Por ser menos calórica e rica em hidratos de carbono complexos de baixo índice glicémico, a batata-doce sacia rapidamente e durante mais tempo.

Tipos de batata-doce

Se pensa que a batata-doce é toda igual, desengane-se. Existem vários tipos de batata-doce, que se distinguem principalmente pela cor da casca e pela cor da polpa. Apesar de a mais comum ser a batata-doce com casca num tom que lembra a cor de cobre e com a polpa cor de laranja, também se podem encontrar brancas, amarelas e roxas. Na verdade, existem pelo menos 16 variedades de batata-doce, com variadas cores e texturas. Em Portugal cultivam-se quatro tipos de batata-doce: branca, roxa, alaranjada e a estrela nacional, a variedade Lyra.

 

  1. Batata-doce roxa

    A batata-doce roxa, por ter uma polpa alaranjada mais firme e ser levemente adocicada, é perfeita para assar e para incorporar em pratos salgados.

  1. Batata-doce alaranjada

    Com a casca alaranjada e com polpa também laranja, é a indicada para purés devido à sua textura suave e amanteigada. É amplamente usada em pratos doces.

  1. Batata-doce branca

    A batata-doce branca, mais rara, é ótima para cozer ou fritar.

  1. Batata-doce Lyra

    A batata-doce Lyra, cultivada nas regiões do Algarve e Alentejo, localizadas no sul de Portugal, é uma variedade que exige menos água e conserva-se durante períodos mais longos. É a variedade mais doce. Apesar da cor da sua casca, que varia entre o laranja e o arroxeado, a polpa é esbranquiçada e torna-se amarela quando cozinhada. Por ser bastante firme, mantém a estrutura depois de cozida ou assada.

Batata-doce a caminho do Espaço?

E se lhe dissermos que a batata-doce pode ainda vir a tornar-se astronauta? Uma equipa de investigadores da NASA identificou a batata-doce como uma hortaliça candidata a ser plantada numa estufa no Espaço.

A batata-doce é uma das candidatas a ser plantada numa estufa no Espaço.

Por cá, com os pés bem assentes na Terra, fique a conhecer algumas receitas com batata-doce que são verdadeiramente do outro mundo.