Podemos manter os oceanos limpos de lixo marinho?

Estima-se que atualmente existam bem mais de 150 milhões de toneladas de plástico a poluir os oceanos, e que a cada ano haja mais 4,8 a 12,7 milhões de toneladas de lixo produzido em terra que, de forma deliberada ou não, acaba no mar.

De acordo com dados da Comissão Europeia, quase metade do lixo no mar é plástico descartável; um terço são equipamentos de pesca, como redes abandonadas; e cerca de 20% são outros resíduos que não plástico. O lixo marinho tornou-se uma preocupação global e, mais que uma preocupação, uma ameaça para os animais marinhos, para a economia, para o clima e também para a saúde humana.

Qual é a solução, então? Devemos considerar duas partes nesta equação: a primeira passa por evitar a entrada de mais lixo no mar, a segunda passa por limpar o lixo que já lá está – uma tarefa nada fácil, dado o tipo de resíduos de que estamos a falar.

E foi para encontrar novos usos a dar ao lixo no mar que nasceram organizações como a Waste Free Oceans (WFO).

Uma nova vida para o lixo marinho

A WFO é um projeto inovador que atua em duas frentes. Por um lado, colabora com pescadores de todo o mundo para recolher o lixo dos oceanos. Por outro, colabora com a indústria de reciclagem para transformar estes resíduos noutros produtos como embalagens.

A solução da WFO para retirar o lixo marinho consiste num dispositivo simples, semelhante a uma rede de arrasto flutuante que é presa a pequenas embarcações de pesca, e que recolhe o lixo à superfície do mar. Esta solução não afeta os peixes nem destrói os fundos dos oceanos. Além disso, os pescadores que colaboram com a WFO conseguem recolher, em cada ação, entre 2 a 8 toneladas de lixo marinho flutuante, incluindo plásticos.

Rede de arrasto flutuante que recolhe lixo marinho

Uma das formas de recolher plástico no mar é utilizar uma rede de arrasto flutuante presa a embarcações de pesca.

Depois da recolha, a WFO distribui os resíduos por várias empresas parceiras que os reciclam e transformam em matéria-prima pronta a ser usada na produção de roupa, embalagens, entre muito outros.

Ecodesign de embalagens

Em Portugal e na Polónia, o Pingo Doce e a Biedronka, introduziram nas suas gamas Ultra Pro e Kraft um novo detergente para a loiça cujas embalagens prestam homenagem aos rios e mares.

Produzida pela espanhola Persán nos arredores de Sevilha, esta embalagem é 100% reciclada, composta por 89% de plástico reciclado pós-consumo e por 11% de lixo marinho recolhido pela WFO. Além disso, a embalagem é também 100% reciclável.

Embalagens de Kraft e Ultra Pro, feitas a partir de plástico reciclado pós-consumo e lixo marinho.

Esta é apenas uma das várias iniciativas do Grupo Jerónimo Martins inserida no projeto de ecodesign de embalagens, cujo objetivo é evitar o uso desnecessário de papel, cartão, plástico e outras matérias-primas.