De onde vem o óleo de palma?
O óleo de palma tem estado no centro de debates e discussões acaloradas nos últimos anos, uma vez que está presente em quase tudo o que vemos. É extraído do fruto de uma família de palmeiras nativas de África.No entanto, e como explica a FAO, as palmeiras prosperam em climas tropicais, pelo que o seu cultivo não se limita apenas ao continente africano. De facto, 85% da produção global de óleo de palma é proveniente de regiões como a Indonésia e a Malásia — e são mais de 40 os países que o produzem.
Óleo de Palma: um óleo acessível e versátil
O óleo de palma é usado numa grande variedade de produtos, desde snacks e doces, a produtos de beleza e cuidado da pele. Gelados, batatas fritas, chocolates, desodorizantes, sabão ou detergentes são apenas alguns dos produtos do dia a dia que contêm óleo de palma. É também usado como biocombustível em muitos países e como um aditivo nas rações para animais.
Não se pode negar a sua versatilidade, no entanto, nos últimos anos, o óleo de palma tem estado nas bocas do mundo (pela negativa) e alguns produtos têm agora o rótulo “Sem Óleo de Palma”.
Porque é que o óleo de palma se tornou um alvo a abater?
O maior problema associado ao óleo de palma é que, historicamente, a sua produção tem sido bastante nociva para o ambiente.
Este óleo é extraído do fruto da palmeira Elaeis guineensis, que pode viver entre 28 a 30 anos. No entanto, e à medida que a palmeira vai crescendo, torna-se difícil colher os frutos. Em tempos em que a preocupação com o ambiente era menos tida em conta, as palmeiras maduras eram repetidamente abatidas para que novas pudessem ser plantadas.
Além disso, considerando que as culturas de óleo de palma são muito mais eficientes do que as de outros óleos vegetais, partes das florestas tropicais foram abatidas para dar lugar a monoculturas de palmeira. A produção de óleo de palma foi responsável, então, por parte da desflorestação de alguns dos ambientes tropicais mais diversos e ricos do planeta.
A desflorestação das florestas tropicais tem um efeito secundário muito grave para o ambiente. Durante a desflorestação são libertadas quantidades enormes de dióxido de carbono na atmosfera — contribuindo para as alterações climáticas. Estima-se que a desflorestação tropical seja responsável por cerca de 10% do total das emissões de gases com efeito de estufa.
Infelizmente, há mais consequências. Com a desflorestação vem a inevitável perda de habitats de muitas espécies, incluindo algumas já criticamente ameaçadas, como o orangotango, o elefante pigmeu de Bornéu, o tigre-de-Sumatra e o rinoceronte-de-Sumatra.
O que torna o óleo de palma tão atraente?
O óleo de palma é um óleo vegetal extremamente versátil que tem propriedades úteis e funcionais. Por exemplo, o óleo de palma é semi-sólido à temperatura ambiente e, por isso, é amplamente usado em cremes de barrar, substitutos de manteiga ou margarina. É resistente à oxidação, conferindo aos produtos alimentares uma vida mais longa, e resistente a altas temperaturas, daí ser muito usado para fritar. O óleo de palma é ainda incolor e inodoro, não alterando o sabor nem o cheiro dos produtos alimentares — facto que o torna extremamente atraente para a indústria alimentar.
Além disso, são necessários menos recursos — área de solo, água ou fertilizantes — para produzir o óleo de palma, quando comparadas com outros óleos vegetais, como os óleos de coco, girassol, soja, etc.
Todas estas características tornam o óleo de palma no óleo vegetal mais usado (e procurado) a nível mundial.
Devemos parar de usar óleo de palma?
A resposta é complexa. Enquanto que a produção em massa de óleo de palma pode ser prejudicial para o ambiente, para a fauna tropical e para as populações locais, há várias formas de assegurar que o óleo de palma presente nos produtos que consumimos não contribui para agravar estes problemas.
Depois de a controvérsia se tornar viral, muitas ONGs aperceberam-se de que mesmo com todos os problemas associados à produção de óleo de palma, deixar de produzi-lo não os resolvia, já que as alternativas não eram muito melhores. Outros óleos vegetais também contribuem para a emissão de gases de efeito de estufa e desflorestação e, ao mesmo tempo, têm ciclos de produção menos eficientes.
A resposta veio sob a forma de uma certificação: óleo de palma produzido de forma sustentável. Assim, a forma mais responsável de atacar este problema é procurar por óleo de palma com certificação pela RSPO.
A RSPO (Mesa Redonda para o Óleo de Palma Sustentável) é uma organização não-governamental criada em 2004, que visa tornar a produção de óleo de palma mais sustentável, tanto para o meio ambiente como para as pessoas. A certificação de sustentabilidade da RSPO proíbe a desflorestação de áreas tropicais e promove a conservação de ecossistemas altamente diversos.
Jerónimo Martins e o Óleo de Palma
Reconhecendo a importância do óleo de palma e das questões relacionadas com a sua produção, o Grupo Jerónimo Martins mapeia desde 2014 a presença deste ingrediente nos seus produtos de Marca Própria vendidos nas lojas Pingo Doce, Recheio, Biedronka, Ara e Hebe.
Para isso, questiona os seus fornecedores sobre a origem e viagem desta e de outras matéria-primas, como por exemplo a soja, o papel e madeira e a carne bovina, ao longo das diferentes fases de produção de um produto. A isto os especialistas chamam de rastreabilidade.
Para além disso, o Grupo responde anualmente ao CDP Forests — um programa internacional que atua em nome de investidores que procuram perceber como é que as organizações estão a saber gerir e reduzir os riscos relacionados com desflorestação — disponibilizando publicamente as respostas. Em 2018, o Grupo foi distinguido com A- (a nota mais alta é A) pela promoção de práticas de gestão do óleo de palma.
O Grupo Jerónimo Martins é ainda membro da RSPO e da RTRS (Round Table on Responsible Soy), iniciativa que promove as melhores práticas de sustentabilidade na produção de soja.