Há 35.500 espécies em risco de extinção
A Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) já conta com mais de 35.500 espécies em risco de extinção – quase 30% de todas as espécies que já foram avaliadas.
Mas espécies avaliadas não significa espécies existentes. De facto, há pouco menos de dois milhões de espécies conhecidas no mundo inteiro, mas os cientistas estimam que cerca de 80% de todas as espécies sejam ainda desconhecidas. O verdadeiro número pode rondar os dez milhões.
O que se sabe é que nos últimos 100 anos mais de metade das espécies de animais desapareceram da face do planeta. Atualmente, e entre as espécies avaliadas pela IUCN, mais de seis mil estão consideradas “Criticamente em Perigo”, o que quer dizer que são espécies à beira de se encontrarem extintas na natureza.
De acordo com a Convenção sobre a Diversidade Biológica, a perda de biodiversidade está relacionada com cinco pressões sobre o ambiente:
- Perda e degradação de habitats
- Alterações climáticas
- Sobre-utilização de nutrientes
- Sobre-exploração de espécies e habitats
- Espécies invasoras
Consequências da perda de biodiversidade
A perda de biodiversidade não tem só como consequência a óbvia perda de espécies animais e vegetais. O planeta é um sistema muito complexo e todas as suas partes estão profundamente interligadas.
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A alimentação muda
Se não houver abelhas, fica em risco a polinização das plantas que fazem parte da nossa alimentação; sem renovação dos solos, a terra perde a capacidade de se permanecer fértil; num sistema desequilibrado, o que a natureza proporcionava passa a ter que ser realizado de forma artificial.
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A economia sofre
Com a perda de biodiversidade, desaparecem postos de trabalho e a prosperidade encolhe.
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Aumenta o risco de contacto com doenças infecciosas
A destruição de habitats, o desaparecimento de espécies e o aparecimento de espécies invasoras torna os ecossistemas mais vulneráveis a doenças infecciosas e mutações dentro das mesmas.
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A natureza ganha força destruidora
Ao perder certos ecossistemas costeiros, ficamos mais expostos aos elementos naturais. Por exemplo, mangais e corais conferem proteção contra tsunamis e marés ciclónicas. Árvores mais resistentes ao fogo impedem a propagação de incêndios florestais.
Proteger a biodiversidade
O retrato da biodiversidade em Portugal, Polónia e Colômbia
Só em Portugal, das mais de três mil espécies avaliadas pela Lista Vermelha da IUCN, cerca de 300 são consideradas ameaçadas e criticamente em perigo, e mais de 200 encontram-se em “Estado Vulnerável”.
Neste momento, algumas das espécies criticamente ameaçadas em Portugal são a enguia europeia (Anguilla anguilla), a raia-oirega (Dipturus batis), o tubarão-martelo-recortado (Sphyrna lewini), o abibe-sociável (Vanellus gregarius), o maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris) ou a pardela-balear (Puffinus mauretanicus).
Enguia europeia (Anguilla anguilla)
Raia oirega (Dipturus batis)
Tubarão-martelo-recortado (Sphyrna lewini)
Abibe-sociável (Vanellus gregarius)
Maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris)
Pardela-balear (Puffinus mauretanicus)
Na Polónia, das cerca de 1.600 espécies avaliadas, 36 estão ameaçadas ou criticamente em perigo. É imperativo proteger da extinção animais como a doninha europeia (Mustela lutreola), o hamster comum (Cricetus cricetus) ou a escrevedeira-aureolada (Emberiza aureola).
Doninha europeia (Mustela lutreola)
Hamster comum (Cricetus cricetus)
Escrevedeira-aureolada (Emberiza aureola)
Na Colômbia, mais de 800 das 11 mil espécies avaliadas estão ameaçadas e quase 300 estão em situação crítica. O crocodilo-do-orinoco (Crocodylus intermedius), o macaco-aranha (Ateles hybridus), o macaco titi de Caquetá (Callicebus caquetensis) ou o peixe-serra (Pristis pristis) são alguns dos mais ameaçados. No reino vegetal, há mais de uma centena de árvores, plantas e flores em risco.
Crocodilo-do-orinoco (Crocodylus intermedius)
Macaco-aranha (Ateles hybridus)
Peixe-serra (Pristis pristis)
Preservar a biodiversidade está nas nossas mãos
Conheça aqui algumas dicas para promover a preservação da biodiversidade.
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Apoiar associações de proteção da natureza
Já conhece a Liga para a Proteção da Natureza, a Quercus ou a WWF Portugal – Associação Natureza Portugal?
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Tentar não incomodar animais selvagens quando estiver a passear nos seus habitats
Especialmente quando estiver a fazer turismo, caminhadas ou a acampar.
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Reduzir a pegada ambiental
Desta forma estará a contribuir para retardar o aquecimento global.
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Evitar a poluição luminosa
Espécies noturnas como ratos, corujas, borboletas e espécies de aves migratórias são muito sensíveis à iluminação artificial. No exterior, use lâmpadas que não encadeiam e viradas para baixo, apagando-as quando já não se encontrar no exterior.
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Comprar e consumir produtos certificados
Opte por produtos com certificações sustentáveis, como por exemplo Fairtrade, RSPO ou FSC.
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Consumir pescado de forma responsável
Tenha especialmente em conta as espécies de peixes ameaçadas, os seus tamanhos, origens e artes de pesca.
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Evitar gastar água desnecessariamente
Recorra, sempre que possível, a água da chuva para regar o jardim ou às chamadas águas cinzentas (água da louça, banheira ou do chuveiro) para encher o depósito do autoclismo.
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Criar refúgios para insetos polinizadores
Siga o exemplo do município de Brent, localizado a noroeste de Londres, e plante flores silvestres no seu jardim para atrair abelhas e outros polinizadores.
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Eliminar o uso de pesticidas químicos
No seu jardim, quintal ou horta escolha produtos que não prejudicam o meio ambiente nem poluem os solos.
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Ter uma alimentação mais equilibrada
Ao aumentar a proporção de fruta e legumes que consome face à quantidade de carne, estará também a beneficiar a sua saúde.
Jerónimo Martins e a preservação da Biodiversidade
Conheça algumas das instituições e iniciativas que o Grupo Jerónimo Martins tem vindo a apoiar, e que visam proteger a biodiversidade.
Em parceria com a Quercus, o Grupo Jerónimo Martins apoia desde 2014 o projeto de cidadania ambiental SOS Polinizadores, através do qual são realizadas ações de sensibilização acerca da importância da preservação das espécies polinizadoras (como é o caso das abelhas) e da biodiversidade junto de entidades locais, agricultores, apicultores, técnicos e público escolar.
Com o Jardim Zoológico de Lisboa, desde 2015 que o Grupo é o orgulhoso padrinho do lémure-de-cauda-anelada, um primata de grandes dimensões em perigo, suportando as despesas associadas aos cuidados necessários para a preservação da espécie.
A floresta da Serra do Açor, devastada pelos fogos de 2017, tem o apoio do Grupo Jerónimo Martins, que investiu cinco milhões de euros para a sua reflorestação. Ao longo dos próximos 40 anos, esta iniciativa visa não só reflorestar mas também preservar a Serra do Açor, através da plantação de espécies mais resistentes ao fogo.
O Grupo apoia o projeto Green Heart of Cork da WWF Portugal, que incide sobre a conservação do ecossistema do montado de sobro. A maior mancha do mundo deste tipo de floresta está localizada no vale inferior do Tejo e do Sado, ocupando numa área de meio milhão de hectares e estando sobre o maior aquífero ibérico.
O Grupo Jerónimo Martins aderiu ao act4nature Portugal, uma iniciativa lançada pelo BCSD Portugal (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável) com o objetivo de inspirar e mobilizar as empresas, desafiando-as a proteger, promover e restaurar a biodiversidade.
Na Colômbia, o Grupo Jerónimo Martins e a ProAves criaram, em 2019, o Projeto de Proteção de Araras. Esta iniciativa contribui para a proteção de cinco espécies de araras na Reserva Florestal de Montes de Oca. Só em 2019, foram plantadas mil árvores de 16 espécies, numa área total de 58 km².
Na Polónia, a Biedronka estabeleceu um protocolo com a Fundação Arka para plantar 10 mil árvores na região de Beskid Niski, numa área para a qual foi estabelecido um plano de gestão florestal.
Agora que já sabe o que fazer para proteger a biodiversidade, vamos a isto?