As frutas secas e os doces típicos de Natal

É Natal. Em qualquer casa portuguesa cheira a uvas-passas, canela e figos secos. Na Polónia, o ar enche-se com o aroma de kompot (uma deliciosa bebida) e de kutia (doce à base de cereais, passas, açúcar e leite ou nata), dois dos 12 pratos da Wigilia, o nome dado à típica ceia de Natal polaca. Já na Colômbia, enquanto a avó prepara a torta negra, pela qual os miúdos anseiam, há um panetone fresquinho em cima da mesa a espalhar aromas irresistíveis.

Apesar de separados por milhares de quilómetros, o que é que os doces típicos de Natal destes três países têm em comum? Acreditamos que não será fácil à primeira, mas se pensou “frutas secas”, acertou!

Porquê falarmos de Portugal, Polónia e Colômbia? Porque são os três países onde o Grupo Jerónimo Martins está presente. São, por isso, três geografias que conhecemos bem.

Frutas secas: afinal, o que são?

As frutas secas (ou desidratadas) são uma constante na dieta mediterrânica. As uvas-passas, os figos, as tâmaras, os alperces ou as maçãs são comuns em ocasiões especiais, fazendo parte de diversos pratos principais, doces típicos de Natal ou de Páscoa. Mais recentemente, são também frequentemente consumidas como parte dos lanches entre as refeições principais ou, por exemplo, como snack para o ginásio.

Mas, porque é que são tão populares? Porque secar fruta era uma forma de a conservar quando não havia frigoríficos, garantindo a presença destes alimentos na mesa fora da sua época. Especialmente nos meses mais frios, tornou-se uma forma diferente de apreciar fruta.

Frutas secas ou frutos secos?

Apesar de serem englobados frequentemente, há diferenças notórias. As frutas secas foram desidratadas ou secas ao sol; frutas com pouca água, como as tâmaras, são também consideradas frutas secas. Já os frutos secos, mais corretamente designados por frutos oleaginosos (conhecidos em inglês como nuts), correspondem a frutos como nozes, amêndoas, amendoins, avelãs, caju, pinhões ou pistácios.

Frutas secas, para ingerir com equilíbrio

As frutas secas são conhecidas por serem ricas em fibra e por serem fonte de minerais como o ferro e o potássio.

No processo de secagem que lhes dá origem, perdem água e, portanto, peso, apresentando uma maior concentração de açúcar. Isto é, se compararmos 100 g de fruta fresca com 100 g da mesma fruta desidratada, estas últimas terão uma maior concentração de açúcar e, por isso, mais calorias, para o mesmo peso. No entanto, se compararmos uma unidade de um fruto fresco com uma unidade do mesmo fruto desidratado (por exemplo, um bago de uva ao natural com uma passa de uva), terão as mesmas calorias e quantidade de açúcar por unidade, desde que não lhes tenha sido adicionado açúcar. Posto isto, a quantidade a ingerir da fruta seca corresponderá às mesmas unidades da fruta na versão fresca, ou seja, 12 bagos de uva ou 12 passas de uva, 3 damascos frescos ou secos, 3 ameixas frescas ou secas ou 2 figos na versão fresca ou seca.

As frutas cristalizadas, também muito consumidas nesta época, especialmente no bolo-rei, são frutas às quais se adicionou açúcar, não sendo consideradas frutas secas.

Frutas secas e os doces típicos de Natal

Em Portugal, Colômbia e Polónia, as frutas secas são presença constante nas celebrações natalícias. Acompanhe-nos nesta viagem.

Bolo-rei em prato sobre mesa de madeira.
  • Portugal

Em Portugal, dispensam introduções. As uvas-passas, as sultanas, os figos secos, as ameixas secas, os alperces desidratados ou as tâmaras são presença assídua na mesa dos doces.

Também o famoso (e delicioso!) bolo-rei tem muitas frutas secas, juntamente com frutas cristalizadas e frutos secos. Para quem dispensa as frutas cristalizadas, há sempre o bolo-rainha, que inclui frutas secas e frutos oleaginosos, como pinhões, amêndoas e nozes.

Panetone em tábua de corte.
  • Colômbia

Os muitos doces típicos de Natal na Colômbia incluem frutas secas. É o caso do panetone que, apesar de ter origem em Itália, é replicado em muitos países. Além do sabor leve a baunilha, o panetone tem um recheio de damasco, mamão, laranja, limão, maçã e cidra desidratados, e uvas-passas. Também a natilla de ron com pasas, uma espécie de pudim de leite condensado e rum, leva passas.

Um doce natalício ainda mais apreciado que o panetone, é a torta negra. Este bolo é feito com frutas previamente maceradas em vinho ou rum. Leva normalmente alperces secos, uvas-passas, ciruelas (uma variedade pequenina de ameixas secas), e nozes. A preparação desta torta é um verdadeiro ritual que começa com duas a três semanas de antecedência. É frequentemente oferecido como presente no Natal e em casamentos.

Copo com kompot, bebida de frutas secas, servida com paus de canela e rodelas de laranja.
  • Polónia

Na Wigilia são servidos não um, mas 12 pratos! Entre estes 12 pratos, incluindo entradas, pratos principais, sopas, sobremesas e bebidas, encontram-se a kutia e a kompot. A kutia é uma mistura doce de cereais, passas, açúcar e leite ou nata, comum em vários países eslavos, e é normalmente o primeiro prato da Wigilia.

Mas a grande estrela da Wigilia polaca é a kompot, uma bebida feita de frutas secas – tipicamente 12, uma por cada apóstolo – cozidas em água com canela e cravinho.

Ficou curioso com a kompot? Então, este ano, varie a tradição e experimente fazer esta bebida típica de Natal em sua casa.

Kompot – bebida de frutas secas

Ingredientes:

  • 700 g de frutas secas (passas, figos, alperces, ameixas, maçãs, peras, etc.);
  • 2 l de água;
  • 10 cravinhos inteiros;
  • 2 paus de canela;
  • Raspa de limão, q.b. (opcional);
  • 1 colher de sopa de açúcar ou mel (opcional).

Preparação:

  1. Num tacho grande, coloque as frutas secas na água juntamente com todos os ingredientes. Deixe levantar fervura.
  2. Reduza para lume médio e deixe cozer durante 20 minutos ou até que a fruta fique mole e o xarope tenha engrossado.
  3. Acrescente mais água caso queira uma consistência mais líquida, ou caso queira uma kompot mais espessa, deixe reduzir mais tempo.
  4. Quando estiver na consistência certa, crie um banho de gelo, e coloque o tacho com a kompot no gelo para arrefecer.
  5. Assim que tiver arrefecido até uma temperatura agradável, transfira para copos transparentes, ou frascos de vidro, e sirva. Pode beber-se frio ou morno.

Dica: se apreciar o sabor, acrescente uma estrela de anis à cozedura!


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