Dia Mundial do Ambiente, para ser celebrado todos os dias
Todos os anos, a 5 de junho, celebra-se o Dia Mundial do Ambiente. É uma data que serve de alerta, que nos relembra que o planeta não é só nosso e que ainda há muito a fazer para assegurar um futuro sustentável às gerações vindouras. Saiba o que está em causa.
Proteger os ecossistemas — sem ser preciso esperar pelo Dia Mundial do Ambiente
O problema da destruição de ecossistemas é bastante complexo. Com a degradação (ou mesmo destruição) de ecossistemas perde-se, inevitavelmente, biodiversidade — quer em plantas, quer em animais, dando-se mesmo o caso de as pessoas poderem inclusive estar mais expostas a doenças, epidemias e pandemias.
Um estudo recente da Frontiers in Forests and Global Change (uma entidade que junta cientistas de referência preocupados com o futuro das florestas e do planeta) revelou que apenas 3% de todos os ecossistemas do planeta continuam ecologicamente intactos, o que significa que os restantes 97% sofreram algum tipo de intervenção humana. Além disso, este estudo revela que grande parte dos ecossistemas intactos se encontram em reservas naturais controladas por comunidades indígenas. O Relatório Global de Avaliação da Biodiversidade e Ecossistemas 2019 da ONU deu conta de quase 1 milhão de espécies sob ameaça de extinção, o que significa que já não é suficiente conservar os ecossistemas do nosso planeta, é mesmo necessário restaurá-los.
O ano de 2021 marcou o início da década da ONU para a restauração de ecossistemas, que terá lugar até 2030. Esta iniciativa, intimamente ligada ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda das Nações Unidas para 2030, pretende acelerar o cumprimento da meta de recuperação de 350 milhões de hectares de ecossistemas e solos degradados — o equivalente à dimensão da Índia. Se este objetivo for alcançado, pode evitar-se a emissão de até 26 mil milhões de toneladas de gases com efeito de estufa.
Querido, restaurei os ecossistemas
Em 2021, o tema do Dia Mundial do Ambiente foi “Restauração de Ecossistemas”. Então, o que podemos fazer para restaurar e renovar os ecossistemas degradados?
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Ecossistemas costeiros
A restauração de ecossistemas costeiros, de água doce ou oceanos passa pela sua limpeza, pela replantação da vegetação perdida à superfície e debaixo de água, e pela regulação do acesso aos recursos aquáticos.
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Florestas e montanhas
As florestas e as montanhas precisam de mais árvores e vegetação autóctone. Servem não só para proteger o solo, mas também para salvaguardar cursos de água, protegendo ainda os ecossistemas de desastres naturais.
Conheça o projeto “Floresta Serra do Açor”, uma iniciativa para preservar e valorizar a floresta devastada pelos incêndios florestais de 2017 em Portugal.
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Campos e terras agrícolas
Campos e terras agrícolas sofrem com a falta de biodiversidade, com o uso de pesticidas e fertilizantes tóxicos, e com erosão dos solos por exploração excessiva. A introdução de culturas mais diversificadas e o uso de fertilizantes e controlo de pragas naturais é uma forma de restaurar estes ecossistemas.
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Turfeiras (ecossistemas aquáticos)
As turfeiras são outro exemplo de ecossistemas vitais para o planeta. Embora representem apenas cerca de 3% da área terrestre, têm uma grande capacidade para armazenarem carbono. Estes ecossistemas aquáticos únicos, aos quais várias espécies raras chamam casa, estão a ser drenados e convertidos em áreas agrícolas, de mineração e de exploração de petróleo e gás.
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Áreas urbanas
Também as áreas urbanas precisam de mais espaços verdes, de mais microecossistemas (como jardins amigos dos polinizadores) e de mais espécies nativas plantadas em áreas públicas e privadas.
Conheça o exemplo do município de Brent (Londres), que criou um corredor de flores para abelhas com cerca de 11 quilómetros de extensão.
Dez anos para reverter séculos de estragos: aceita o desafio?
Todas as pequenas ações contam. E uma ação pode ser, por exemplo, uma pequena mudança no estilo de vida. Se ainda não o fez, veja alguns exemplos de como pode proteger os ecossistemas do planeta, todos os dias. E porque não começar no Dia Mundial do Ambiente?
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Torne-se “verde”
Escolha produtos alimentares e outros com certificações de sustentabilidade credíveis; compre a produtores locais de forma a reduzir os impactes ambientais associados; diga “NÃO” ao descartável e um grande “SIM” ao reutilizável. Já ouviu falar de compostagem? E do movimento desperdício zero?
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Compre de forma consciente
Será que precisa mesmo de mais roupas e mais gadgets? Experimente doar o que já não usa a instituições ou lojas de segunda-mão, repare, reutilize, partilhe e peça emprestado. Não custa nada.
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Faça uma alimentação saudável
Aumente o seu consumo de vegetais e produtos pouco processados e reduza o desperdício alimentar. Coma produtos sazonais, locais e biológicos — ainda que não pareça, estará a ajudar grandemente os ecossistemas do planeta, ao combater o uso de pesticidas e fertilizantes que degradam áreas agrícolas e ecossistemas aquáticos. Os seus hábitos alimentares podem mudar o planeta.
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Espalhe a palavra
Isso mesmo, contagie os seus amigos e familiares com o “bichinho” da ecologia. Mostre-lhes recursos, ideias, atividades ou outros que os ajudem a perceber a urgência de adotar um estilo de vida mais amigo do ambiente. Envolva os seus filhos em atividades de limpeza de matas ou praias, por exemplo, ou ajude os seus pais a perceber a importância de reciclar.
Siga estes passos e celebre o Dia Mundial do Ambiente todos os dias.