“Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és.”

São vários os motivos pelos quais nos alimentamos. Além do óbvio – é uma necessidade básica, pois a energia e os nutrientes fornecidos pelos alimentos garantem a nossa sobrevivência –, existem outros. O ser humano alimenta-se por prazer (pense, por exemplo, na sensação provocada por uma garfada do seu prato favorito), por bem-estar emocional (talvez concorde que há poucas coisas melhores para a alma – e para o corpo – do que uma deliciosa e nutritiva refeição), ou por ser uma forma de união e partilha com os outros (em sua casa, as refeições também se prolongam por várias horas, em amena cavaqueira?).

Mesa servida com vários pratos, e mãos de pessoas partilhando a refeição.

Os motivos são relativamente comuns, independentemente do local, crença ou ideologia. As diferenças podem surgir na forma como cada pessoa se alimenta e há quem, através dos hábitos alimentares, pretenda transmitir uma mensagem sobre a forma como cuida da saúde e do mundo em seu redor.

Em muitos locais, o menu deixou de ser “carne ou peixe”. As alternativas vegetais estão a ocupar mais espaço na conversa – e no prato. A este tipo de alimentação dá-se o nome plant-based.

Plant-based: uma alimentação à base de… plantas?

Ao ler este título, imaginou um prato composto por pétalas de rosa em cama de folhas de eucalipto? Afaste esse pensamento. A dieta plant-based, traduzida para “à base de plantas”, é essencialmente uma alimentação de origem vegetal. De forma minimalista, podemos afirmar que tem por base alimentos cuja origem é a terra – legumes, frutas, leguminosas, frutos secos e cereais.

Quanto ao consumo de proteína animal, depende – é que, debaixo do “chapéu” da alimentação plant-based, cabem várias dietas.

  • Vegetarianismo

A dieta vegetariana inclui diferentes variantes, embora todas tenham em comum o facto de excluírem o consumo de carne e peixe. A dieta ovo-lacto-vegetariana inclui ovos, leite e derivados, enquanto a dieta lacto-vegetariana inclui leite e derivados, mas exclui ovos e a dieta ovo-vegetariana permite o consumo de ovos, mas exclui os restantes alimentos de origem animal. Normalmente, a designação de vegetarianismo refere-se à dieta ovo-lacto-vegetariana.

  • Veganismo

O veganismo é outra das variantes da alimentação vegetariana, que exclui todo e qualquer produto de origem animal – ao nível da alimentação e, geralmente, também ao nível de produtos não alimentares. Quem é vegan, ou vegano, não consome carne, peixe, leite e derivados, ovos, mel nem quaisquer alimentos que incluam vestígios de ingredientes de origem animal. O mesmo se aplica a produtos de beleza e cosmética com ingredientes de origem animal, como cremes ou sabonetes, maquilhagem, vestuário e calçado.

  • Dieta Macrobiótica

Na dieta macrobiótica, a ênfase é, mais do que os vegetais, o consumo de cereais integrais. A carne, os ovos e os produtos lácteos ocupam o topo da pirâmide macrobiótica, devendo o seu consumo ser opcional, esporádico ou apenas num período de transição.

  • Flexitarianismo

O conceito de flexitarianismo, criado por uma nutricionista americana em 2009, designa uma dieta maioritariamente vegetariana, mas flexível quanto ao consumo de produtos de origem animal – o objetivo é a redução, não a exclusão. Também aqui encontramos variações, como o pescetarianismo, que inclui o consumo de peixe e marisco, mas exclui o consumo de carne, ou o pollotarianismo, que inclui o consumo de carnes de aves.

  • Dieta mediterrânica

Estava à espera de a encontrar nesta lista? Se segue uma alimentação com base na dieta mediterrânica, poderá dizer que segue uma dieta plant-based. Afinal, se relembrar a roda ou a pirâmide dos alimentos, comprovará que os alimentos de origem vegetal ocupam o maior espaço.

Sabia que…

A dieta mediterrânica ocupa o 1.º lugar no ranking geral de melhor dieta e o 2.º lugar no ranking de melhor dieta plant-based (o primeiro lugar desta categoria é ocupado pela dieta flexitariana).

Uma das principais características da dieta mediterrânica é, precisamente, o consumo abundante de alimentos de origem vegetal, como hortícolas, fruta, cereais pouco refinados, leguminosas e frutos secos e oleaginosos. Quanto ao consumo de produtos de origem animal, recomenda um consumo moderado de laticínios, o consumo frequente de pescado e o consumo reduzido de carnes vermelhas.

Várias tigelas com diferentes refeições plant-based.

Quais os potenciais benefícios de uma dieta plant-based?

Se pensarmos que, para produzir alimentos, seja qual for a sua base e origem, é necessário utilizar recursos naturais, como água para regar os solos, facilmente concluímos que a produção alimentar tem impacto no ambiente. No entanto, é certo que dependemos da produção de alimentos para suprir as necessidades de uma população mundial em crescimento – excluir algum tipo de alimento ou grupo alimentar não é, assim, a solução para pôr um “ponto final” às alterações climáticas (que, aliás, não estão apenas relacionadas com a alimentação ou a produção alimentar). Como pode, então, este impacto ser minimizado?

Do ponto de vista do consumo, fazer uma alimentação variada, equilibrada e consciente que, sem excluir nenhum alimento, tenha uma base consistente de produtos de origem vegetal, como legumes e leguminosas, ou cujo consumo de recursos seja menor, é uma opção. Também a escolha de produtos locais e a redução do desperdício alimentar representam pequenas escolhas do dia a dia que podem fazer a diferença. Não existe, contudo, uma resposta única e cujo efeito seja imediato. Do ponto de vista da produção, é necessário gerir os solos e os recursos de forma responsável, adotando, por exemplo, medidas de agricultura sustentável.

Também a saúde pode beneficiar com o aumento do consumo de produtos vegetais:

  • Peso sob controlo

    O consumo de alimentos pobres em gordura saturada, como é o caso das frutas e dos vegetais, ajuda à prevenção da obesidade.

E a proteína?

A proteína, essencial para o crescimento e reparação das células e tecidos, é obtida a partir de fontes animais e vegetais. Nas dietas plant-based, a proteína provém, essencialmente, das leguminosas e dos cereais integrais. No entanto, para garantir que as necessidades nutricionais, tanto de proteína como de outros nutrientes, estão a ser colmatadas, é importante consultar um nutricionista.

 

Desde que haja variedade e equilíbrio, qualquer uma das dietas plant-based apresentadas pode ser promotora de saúde e uma forma adicional de cuidar do planeta. No entanto, importa também referir que todo o tipo de restrição pode ter riscos. É necessário garantir que as necessidades individuais estão a ser supridas e avaliar a introdução de suplementação, pelo que o acompanhamento médico é aconselhável.

“Tofu à lagareiro” ou “Legumes à Brás”? O prato do dia é plant-based.

Quem quer mudar ou variar a sua alimentação poderá encontrar os seguintes obstáculos:

  • A perceção de que o custo é elevado;
  • A ideia de que uma alimentação à base de plantas não tem sabor;
  • A falta de criatividade na hora de cozinhar.

Relativamente ao primeiro ponto, seguir uma alimentação plant-based não implica comprar produtos com nomes estranhos e cujo valor pode comprometer a saúde financeira ao final do mês. Escolha alimentos simples e não processados, nutritivos e acessíveis. Falamos de vegetais coloridos e frescos, como cenoura, tomate e brócolos, fruta da época, como maçã ou laranja, leguminosas, desde o grão às ervilhas, nozes crocantes, batata-doce… A lista continua e pode dar origem a receitas deliciosas para toda a família.

Curiosidade

Já reparou que, à entrada do Pingo Doce, encontra em primeiro lugar os frescos (frutas e legumes)? Não é por acaso. Enquanto defensor e promotor da dieta mediterrânica, a prioridade é oferecer produtos frescos, nacionais e sazonais, com a máxima qualidade e sabor.

Por outro lado, jantar uma folha de alface ou legumes cozidos insípidos não é sinónimo de dieta plant-based. Além disso, a mudança não precisa de ser drástica. Se o seu objetivo é ter uma alimentação mais rica em produtos de origem vegetal, basta reforçar o consumo de alguns alimentos, como fruta e vegetais, ou fazer algumas substituições. Por exemplo, variar produtos lácteos com alternativas como bebida ou creme de soja, reduzir a quantidade de carne e, ocasionalmente, substituir por leguminosas.

Prato fundo com bolonhesa de lentilhas.

Quanto ao sabor e criatividade, imagine: um prato de arroz branco ou integral, pronto a receber um caril fumegante de tofu e cogumelos; uma bolonhesa de lentilhas, rica em molho de tomate; uma taça de leite ou bebida vegetal com granola de aveia e fruta fresca… já percebeu a ideia. Espreite as coleções de receitas vegan e de receitas vegetarianas do Pingo Doce e inspire-se!

Descubra ainda a gama de produtos 0% Carne como as almôndegas beef style, os hambúrgueres de feijão e millet ou as coxinhas de legumes e azeitonas.